18 de outubro de 2009

Salve Geral

Filme selecionado para representar Brasil no Oscar deixa só uma certeza

Ao ser selecionado pelo Ministério da Cultura para a disputa do Oscar 2010, Salve Geral (idem, 2009) chamou minha atenção. O atual cinema brasileiro, com excessão a Xuxa e cia, vem mostrando que cada vez mais tem força, capacidade e talento para figurar entre as maiores bilheterias do país.

A qualidade anima aquele que gosta de cinema. E devido as inúmeras vezes em que batemos na trave na maior festa do cinema gringo, fica sempre a expectativa de mais um grande filme a exemplo de Cidade de Deus, Central do Brasil e outros.

Mas parece que o pessoal do Ministério ou estava com falta de opção (veja a lista aqui), ou assistiram a outro filme. Digo isso porque na minha opinião, Salve Geral não figura entre os melhores filmes nacionais.

A história: em meio aos ataques do PCC, no fim de semana do Dia das Mães em 2006, somos apresentados a professora de piano Lúcia (vivida por uma esforçada Andrea Beltrão), que após a morte do marido tenta se adaptar a nova realidade social.
O filho Rafael (Lee Thalor) indignado pelo fim da vida de playboy, ao sair com amigos, acaba matando uma garota por engano e é preso. A partir daí acompanhamos Lúcia voltando a atuar na advocacia para tirar o filho da prisão. Prisão essa que, como a maioria no Brasil, é superlotada, com pessímas condições e tudo aquilo que todos já sabem. Acaba então se envolvendo com uma advogada, conhecida como Ruiva (Denise Weinberg em caricatura que chega a ser engraçada) que trabalha para o "Partido" (o PCC).

Enquanto isso, seu filho descobre as regras para se sobreviver dentro daquele inferno. Em meio ao roteiro que mais parece um resumo das notícias publicadas naquele fim de semana, Lúcia se envolve com o Professor (Bruno Perillo), um dos lideres do PCC que mais parece um professor de universidade perdido ali dentro.

É um filme muito abaixo do que é o recente cinema brasileiro. O roteiro cheio clichês e frases de efeito sem sentido ("Correndo de mim a essa hora, não é boa coisa"), não cativa e não segura a atenção em nenhum momento. O espectador que fica até o final é apenas movido pela curiosidade mórbida de como tudo aquilo (a história de Lúcia) vai terminar. O envolvimento de Rafael com a facção tem um final que parece fugir da mesmice, mas ainda assim não é o bastante para elevar um final sem graça e previsível. A única parte que empolga talvez seja uma perseguição vivida por Rafael. Mas só.

A tensão vivida pela população, que seria um dos pontos legais a serem explorados no filme, ficou longe de ser mostrada. A critíca ao sistema não funciona. Todos sabemos dos corruptos. Não era preciso esse filme para comprovar o que todos leram nos jornais naquela época.

Talvez ver o filme novamente possa me mostrar o lado humano que o filme tenta passar ao colocar uma pessoa comum em meio aquele caos todo. Talvez o esforço que uma mãe possa fazer por seu filho, em pleno Dia Das Mães, possa comover em algum momento. Mas algumas coisas são difíceis de digerir. E com certeza a má impressão de Salve Geral só deixa a certeza de que o Oscar para o cinema brasileiro, não virá em 2010.

Ficha Técnica
Salve Geral (Salve Geral - Brasil - 2009) - 119 min - Drama
Direção: Sergio Rezende
Roteiro: Sergio Rezende e Patrícia Andrade
Elenco: Andrea Beltrão, Lee Thalor, Denise Weinberg, Bruno Perillo
Site Oficial: www.sonypictures.com.br/.../HotSites/Br/salvegeral/
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