Noite de chuva em São Paulo.
Talvez tenha trabalhado demais.
Talvez tenha bebido de menos.
Talvez seja só o sono ou coisa parecida.
Talvez devesse sair lá fora e dançar com chuva querida.
As palavras, os erros, as tentativas, acertos.
Nada mais importa, pois o moribundo se encontra a porta.
Pedido humildemente licença para a derradeira jornada.
Mas não são todas elas derradeiras?
O leite que azeda, não chega perto do gosto amargo que sinto.
E é fato que com certeza a merda exposta na galeria nem cheira.
O fato é que você nem sabe pra onde olhar...
a chuva que cai lá fora é só pra levar embora toda a mágoa.
Mas não é suficiente pois a chuva só expõe
Todos os defeitos de quem um dia sonhou em ser direito.
E acabou errando talvez pelo egoísmo, talvez pelo excesso.
Talvez pelo orgulho, talvez pelo barulho,
Que nunca entrou sem pedir licença.
Foi bem aceitou e se jogou no sofá por inteiro!
A falta de dinheiro, a falta de sossego,
A solidão parece companheira, mas tenho cuidado.
Pois a traiçoeira vai me mostrar o que eu era.
Talvez seja uma amiga sincera
Talvez uma puta solitária.
Mas somos todos a mesma coisa, a mesma terra, a mesma sina, a mesma laia!
Mas espero que um dia, ela vá embora sem despedida.
Pois mais um sonho acaba de morrer ali na esquina.
A triste despedida talvez seja a minha sina.
Em chegar tarde demais e se arrepender por querer demais.