...e existem filmes que encantam a primeira vista. A rápida comparação entre duas coisas tão distintas exemplifica bem a relação das duas personagens principais desse, que pra mim, já é um dos melhores filmes do ano. E olha que o ano nem começou direito.
São poucos os filmes que conseguem prender com um roteiro original, que sai do lugar comum das comédias românticas, que diverte, faz você refletir e ainda não ofender a inteligência. Na verdade, esse filme é tão diferente do convencional que nem se enquadra nessa categoria. E nem em nenhuma outra.
"O Lado Bom da Vida" (Silver Linings Playbook, 2012), conta a história de Pat Solitano (um surpreendente Bradley Cooper), professor de história que tem um surto bipolar quando é traído pela mulher. Fica internado durante 08 meses e ao sair do hospital psiquiátrico, busca de todas as formas, com uma ideia fixa, de que irá recuperar o seu já encerrado casamento.
Em meio ao tratamento que deve fazer para provar que pode voltar ao convívio social , Pat conhece Tiffany (a merecidamente premiada Jennifer Lawrence), viúva, que tenta superar à sua maneira, a morte abrupta do marido. Em meio a agressividade de Tiffany e a "espontaneidade" de Pat, os dois acabam chegando a conclusão de que são os únicos que se entendem e decidem se ajudar.
Esse é o mote principal do filme. Paralelo a relação dos dois, temos a relação de Pat com seu pai, interpretado pelo inspiradíssimo Robert De Niro, que há tempos não se entregava a um papel com tanto ímpeto e vontade. Solano pai, que "trabalha" com apostas em jogos de futebol americano, acredita que o filho tem que se aproximar mais dele como uma forma de consertar os problemas de relacionamento que sempre tiveram antes do seu surto.
Não podemos esquecer também do excelente elenco de apoio que conta com Chris Tucker surpreendendo tanto quanto De Niro e Jacki Weaver, a senhora Solano que é o ponto de equilíbrio na conflituosa relação entre pai e filho.
O que mais empolga e impressiona no filme é a naturalidade das atuações. O diretor e roteirista David O. Russel, conhecido pela plasticidade cênica de Três Reis (1999), mantém a linha tida como realista iniciada em O Vencedor (2010).
Não vi O Vencedor (ainda), mas em o Lado Bom da Vida, O. Russel entrega o filme aos atores. É perceptível isso e a platéia, como vi em poucos filmes, embarca como se estivesse vendo a história de conhecidos. A verossimilidade é o que mais diverte nesse filme. Após vários filmes bacanas no final do ano passado, começar 2013 como uma história que mostra que acima de tudo, é sempre possível recomeçar e tirar algo de bom em meio as coisas ruins que acontecem ao seu redor, diz muito sobre o meu atual momento.
E que aproveitar o lado bom da vida é mais que necessário.
Para encerrar, uma fala de Robert De Niro no final da fita, que resume o clima: "Tem que prestar atenção aos sinais. Quando a vida chega a esse ponto, é um pecado não ir adiante."
Sendo assim, vamos adiante. Veja e reveja esse grande filme...vai valer a pena ver a vida de um outro jeito.
Trailer:
Ficha Técnica
O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook) - 2012 - 120 min. - EUA - Comédia/Drama
Direção: David O. Russel
Roteiro: David O. Russel
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Chris Tucker, Julia Stiles, Shea Whigham, Anupam Kher, Jacki Weaver, Dash Mihok
Site Oficial: http://silverliningsplaybookmovie.com/
Nota: no final da pesquisa das informações sobre o filme, achei no site do G1 uma explicação sobre o título original, pelo comentarista do programa Manhattan Connection, transmitido pelo canal Globo News:
“Silver Linings é uma expressão em inglês que significa o contorno prateado da nuvem quando está escondendo o sol, que significa o mal que vem para o bem. E playbook é uma expressão do futebol americano, um caderno onde se anota estratégias, planos, resultados... Então Silver Linings Playbook é um conjunto de informações de uma série de fatores ruins que resultam em uma coisa boa”, explica Pedro Andrade.
Ou seja, vá e assista agora esse filme para saber tirar proveito de coisas que aparentemente possam ser ruins.