Havia duas barreiras por ter demorado a assisti-lo. A primeira por ser um filme romântico. Confesso que não é meu gênero preferido. E segundo por ser um musical. São poucos os filmes desse que me agradam. Mas resolvi arriscar. A música sempre fala mais alto.
Muito enrolei, enrolei e se soubesse, teria ido ao cinema. Derrubadas de vez essas barreiras. O filme é lindo. Alguns podem dizer que é exagero, mas a beleza não só da canções, mas como Dublin (cidade onde se passa o filme) é mostrada, me fez constatar porque Bono e cia fazem canções tão belas quanto as do filme.
Esse não é um musical comum. Geralmente filmes do tipo colocam os atores pulando e dançando no meio da cena e depois voltam como se nada tivesse acontecido. Esse não. A idéia aqui é usar a música como linguagem constante. E não apenas em números estapafúrdios.
O filme nos apresenta um músico de rua que conhece uma moça imigrante da República Tcheca. Descobre que ela toca piano e ambos encantados pelo talento de cada um formam uma parceria inusitada. A partir daí a relação dos dois é de uma sinceridade que nunca vi em nenhum filme antes. A música é o principal motor e o que une essas pessoas. Sonhos, desejos, intenções, todas jogadas nos acordes e palavras de cada canção. Interessante observar que em nenhum momento ficamos sabendo seus nomes.
E no desenrolar da história não vemos nada forçado. Tudo flui naturalmente, como deve ser criada uma canção. A atração não só musical, mas física, encontra barreiras maiores que a realidade possa suportar. E a música é a única forma desses dois estranhos se conhecerem e se relacionarem. É a via de escape de um mundo cheio de dificuldades e sonhos frustrados.
A câmera sempre os acompanha de perto. Afinal de contas, na vida real não temos como fugir do que está na nossa frente. E esse confrontamento com os sentimentos que afloram a cada acorde é belo.
As canções do filme são apaixonantes. A sinceridade na interpretação delas não é a toa. Glen Hansard (que vive o músico da rua) é vocalista e compositor da banda irlandesa The Frames e Markéta Irglová (que vive a garota) é cantora e pianista tcheca e ambos trabalharam juntos no The Swell Season.
O filme, muito merecidamente, ganhou o Oscar de Melhor Canção Original em 2008. A canção "Falling Slowly" foi tocada ao vivo (ouça aqui o áudio do Oscar e aqui o da cena) durante a premiação. Além da canção ganhadora do prêmio, destaco as músicas "Say It To Me Now" (ouça aqui) e "When Your Mind's Made Up" (aqui a cena), que para mim é a melhor do filme.
Um belo filme, com belas canções, bela fotografia. Uma aula de como os musicais devem ser feitos. E de como existem muitas outras formas de amar alguém.
Ficha Técnica
Apenas Uma Vez (Once - Irlanda - 2006) - 86 min - Romance / Musical
Direção: John Carney
Roteiro: John Carney
Elenco: Glen Hansard e Markéta Irglová
Site Oficial: www.foxsearchlight.com/once/
concordo com você em relação esse filme, ele é lindo, encantador! é um filme que prende a nossa atenção do inicio ao fim! e realmente não é uma coisa forçada, as coisas fluem naturalmente, tem história e apesar do final nao ter sido da forma esperada depois pude entender que foi a forma correta mesmo, tinha que ser daquele jeito!!!
ResponderExcluirenfim, é um filme que vale a pena ver!!