Da Janela do Busão

Era algo assim que vi...falta a tartaruga.

O adesivo colado na traseira do Uno 96, placa de Osasco, vi no fundo do 466, rumo ao trabalho. Me fez relembrar que a definição de felicidade talvez, seja apenas determinada pelo modo como olhamos o mundo. Talvez seja o traço infantil, mas sincero. Quem sabe desenhado pela caçula, em meio a tantas atividades da 4ª série.

O pai, talvez advogado pelo terno que veste na reprodução, deve ter achado nas coisas da filha enquanto guardava sua lancheira na mochila cor de rosa da menina. Da Hello Kitty talvez? Com pressa, talvez por seu primogênito que já esta aguardando no carro. Tendo entrado no ritmo mais corrido da 7ª série, já havia arrumado a cama, mochila e o canto das mascotes da casa. Tartaruga e cãozinho não passariam sede ou fome até seu retorno no final do dia.

A mãe, orgulhosa da cria, já havia beijado sua testa em um beijo amoroso e terno. Como talvez trabalhasse ali perto, já havia partido em caminhada. Acredito que seja professora. Os livros que carregava na reprodução vista indicavam algo do tipo. Sendo sexta, não teria preocupações com o jantar. O dia da pizza foi trocado, pois no domingo iriam à casa da vovó.

Churrasco e reunião da família. Não havia apenas galinhas entre os bichanos daquela casa. Mas ainda assim a música dos Titãs seria a ideal para definir a bagunça que eram aquelas tardes. Era uma família quase perfeita? Pergunto-me isso ao chegar ao centro de Carapicuíba. Concluo novamente, respondendo a mim mesmo, que tudo depende do modo como vemos o mundo.

Talvez nunca mais veja aquele Uno 96 (ou será 97?), mas aquela imagem singela, me meio ao caos do trânsito paulista, me disse em alto e bom som: a felicidade está ai, dentro de você. Basta para um pouco e olhar para a janela certa e vê-la.