...em que temos mais uma vez a prova de que boa vontade, talento e um pouco de competência podem colocar na tela uma das melhores animações dos estúdios Dreamworks (Shrek) que finalmente pode dizer que está no páreo com a Pixar pelo título de melhor estúdio de animação de Hollywood.
Começo esse post dizendo que não me lembro de ter saído do cinema tão empolgado e satisfeito como sai após a sessão de A Origem dos Guardiões (Rise of The Guardians, 2012), fita que pega as principais fábulas infantis e nos apresenta de uma maneira tão original que não só diverte, mas nos traz de volta aquela sensação de inocência da infância.
O enredo tem como base a série de histórias criadas pelo escritor William Joyce (vencedor do Oscar 2012 de Melhor Curta-Metragem em Animação por The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, dirigido e escrito pelo mesmo) entitulada "Guardians of Childhood" (Guardiões da Infância).
Para quem não conhece os livros (como eu), nem percebe já que a história se passa 300 anos depois e mostra Jack Frost (que faz parte de uma lenda não muito conhecida no Brasil. Para quem quiser ler mais, clica aqui), sendo escolhido pelo Homem da Lua o novo Guardião.
Os Guardiões nada mais são do que um Papai Noel todo tatuado e cheio de aparatos tecnológicos à lá Bruce Wayne, um Coelhão da Páscoa bombado e que cuida de ovos tão organizados quanto um formigueiro, uma Fada do Dente à lá Sininho adulta, chefe das fadinhas que trocam os dentes pelas moedas e Sandman, que mantém os sonhos mais puros das crianças e que se comunica apenas por desenhos bacanas.
A escolha de Jack para ajudar o grupo a combater o Breu, mais conhecido como o Bicho Papão, que quer acabar com os sonhos e a crença das crianças nesses personagens, como puderam perceber, não tem nada de original. É a velha história de pegar alguém que não se acha especial e mostrar que por A+B esse alguém é especial.
A diferença aqui é a forma como o roteiro se desenrola. Todos sabemos que no mundo de hoje, onde temos tanta tecnologia, acesso fácil a internet, celulares modernos e vídeo-games cada vez mais realistas, temos crianças que acabam perdendo a inocência muito mais cedo do que décadas atrás. E o filme ao invés de lutar contra isso, ao contrário, usa de maneira muito bacana a falta de inocência dos tempos modernos, modernizando personagens que em sua essência, nunca perderão a sua missão que é mostrar para as crianças as lições básicas de esperança, fazer o bem e manter sempre o coração puro, mesmo em meio ao caos em que vivemos.
E é dessa forma, simples e certeira, aliada a uma animação sensacional e que digo, uma das mais belas que já vi, o filme empolga não só pela diversão do filme em si (os dialógos entre Jack e o Coelhão são sensacionais e arrancam boas risadas), mas pelo cuidado em trazer o espectador pra dentro daquele mundo e fazer a coisa ser o mais simples possível.
Em resumo: o mérito de A Origem dos Guardiões é fazer muito com o mais simples. E não a toa, como li na crítica do Omelete que o filme foi chamado de Os Vingadores (falo desse novo clássico em breve...) do maternal. É sim um belo, grande e divertidíssimo filme que como falei no início, coloca a Dreamworks em um novo patamar...na minha modesta opinião.
TRAILER
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FICHA TÉCNICA
A Origem dos Guardiões (Rise of The Guardians) - 2012 - 97 min. - EUA - Animação/Aventura/Comédia
Direção: Peter Ramsey
Roteiro: David Lindsay-Abaire, William Joyce
Elenco: Chris Pine, Isla Fisher, Alec Baldwin, Jude Law, Hugh Jackman, (vozes no original) - Thiago Fragoso, Isabelle Drummond (vozes em português)