2 de maio de 2015

50%

Às vezes o destino parece trazer algumas mensagens...
...para que possamos refletir sobre o que realmente estamos fazendo das nossas vidas.

Sim, piegas pra caramba, mas realmente isso é o que se sente quando realmente captamos a mensagem além do lugar comum. E é esse sentimento que me pegou depois de assistir 50%.

O filme é uma adaptação do livro I'm With Cancer, que conta a história de como o produtor e escritor Will Raiser descobriu que tinha câncer aos 25 anos e narra como teve que lidar com isso. Acompanhamos a história de Adam (Joseph Gordon-Lewitt - mandando bem mais uma vez), jovem de 27 anos que tem uma vida normal, com uma rotina normal, que não tem vícios, não bebe, não fuma e então, após sentir dores nas costas, em uma consulta descobre que tem um raro tipo de câncer.

50% é o que os médicos estipulam de sobre a chance de sobrevivência e após o choque inicial, entendemos que a vida de Adam nunca mais será a mesma e é essa virada que acompanhamos durante o filme. Durante o primeiro ato, somos apresentados ao melhor amigo de Adam, Kyle (Seth Rogen - mais do mesmo), um cara alto astral total e que faz de tudo para que o amigo não se sinta um coitado por estar uma situação complicada.

O entrosamento entre Rogen e Lewitt faz toda a diferença durante o filme inteiro. Teriamos um dramalhão sem graça se isso não acontecesse. Mas a dupla consegue em meio ao tema super pesado, arrancar boas risadas e claro, algumas lágrimas também.

Durante ainda o primeiro ato, somos apresentados também à namorada de Adam, Rachel (Bryce Dallas Howard), artista que vem buscando sucesso e em meio ao caos que a vida de Adam se torna, percebe-se uma faceta triste daqueles que lidam com doenças como essa: a fuga e o medo por não saber o que fazer. O talento da atriz transmite isso de forma convicente e realista...e acabamos até compreendendo sua posição.
Em meio a esses dois opostos, temos a mãe de Adam, Diane (Anjelica Huston), que não bastasse lidar com o marido com Alzheimer, ainda tenta lidar com a doença do filho. Seu comportamento super protetor incomoda o filho, o que nos traz uma dinâmica muito interessante com o fato de que esse pode ser o último ciclo que mãe e filho vivenciariam juntos. E a batalha contra a doença desperta sentimentos antes escondidos pela rotina.
Pacientes com esse tipo de diagnóstico tem de imediato a indicação para tratamento psicológico, para aguentar o baque da notícia. Eis que ai somos apresentados a Katherine (Anna Kendrick - encantadora), terapeuta em começo de carreira que tem que lidar com os medos, inseguranças e dúvidas de uma pessoas que tem que lidar com a morte de tão perto. À partir daí, o segundo ato nos mostra as fases em que Adam começa a perceber a gravidade da sua situação, mesmo tentando levar uma rotina normal.

O que achei mais bacana nesse filme é que o tom, que apesar das piadas eventuais de Seth Rogen, é pesado e não tem firulas. A realidade é nua e crua de uma situação como essas não tem frases de efeitos e nem lições sem sentido. "Não pode mudar sua situação, somente como lidar com ela" - e assim o filme inteiro vai nos dando pancadas e amenizando elas, da mesma forma como Adam as recebe.
Graças ao elenco competente, em destaque a atuação de Gordon-Lewitt, que vem provando ser um dos melhores atores de sua geração, o filme não apela para os clichês. A direção ousada de Jonathan Levine, com muitos close-up e planos fechados, insere o espectador em a empatia com o protagonista é inevitável.

Aprendemos que a vida é curta, precisamos dar valor ao tempo que temos aqui e agradecer, seja lá a quem, por termos esse tempo em sermos ao novo e sermos algo novo, todo dia.

Trailer:


Ficha Técnica:
50% (50/50) - 2011 - 100 min. - EUA - Drama/Comédia
Direção: Jonathan Levine
Roteiro: Will Reiser
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Seth Rogen, Anna Kendrick, Bryce Dallas Howard, Anjelica Huston
Site Oficial: http://www.50-50themovie.com/
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