6 de julho de 2015

Resenha | True Detective - (1ª Temporada)

Às vezes, o hype que algumas séries...
...filmes, games e discos recebem nem sempre se faz real ou algo concreto. Muitas vezes ele é cercado de uma porção de fatores que ao invés de ajudar, acabam por atrapalhar.

Talvez tenha que mudar esse meu pensamento (sim, é uma opinião minha folks!) pois o hype que True Detective recebe é totalmente justo. Na verdade, acredito que não tenha sido hype suficiente, tamanha a qualidade que a série apresenta. Além do sucesso da crítica, os poucos amigos e colegas que viram essa obra sempre exaltaram a qualidade do roteiro e da série de forma geral.

Com a chegada da segunda temporada, foi meio que inevitável segurar mais tempo e aos que quiserem assistir, já lhes aviso: tente vê-la de uma só vez. São "apenas" 08 episódios, e cada um deles vale a pena ser visto com o máximo de atenção possível. Mas se não der pra enfrentar a maratona, veja de qualquer jeito. Vale muito a pena!

Cada linha de diálogo parece encaixar perfeitamente na proposta da série. É como se uma estratégia tivesse sido montada para trazer para a tela somente aquilo que realmente fosse fazer sucesso ou tivesse o máximo de qualidade possível.

Fico até sem jeito de lembra que existem tantas séries caça-níquéis por ai e que não inovam em nada. E True Detective exala qualidade usando uma velha fórmula!

A série teve uma média de 11.2 milhões de espectadores (isso só nos EUA) fazendo da série o programa com melhor primeira temporada em audiência desde 2001. E estamos falando da HBO, que teve já na sua grade séries como The Wire, The Sopranos, Deadwood, Six Feet Under e tem ainda a talvez mais "hypada" de todas as séries, Game of Thrones.

A curiosidade acima foi só uma lasca do bolo de qualidade que True Detective representa. Pois mais que um fenômeno da televisão, a série confirma que é possível fazer um programa de qualidade no mesmo nível de cinema. A HBO já vem provando isso a algum tempo, mas ainda não tinha visto algo tão bom (e olha que ainda tenho algumas séries top pendentes).

A qualidade da série é tão grande, que a abertura considero uma das melhores que já vi:

Pra quem ficou curioso em saber, a música é "Far from Any Road", da The Handsome Family (do disco de 2003, Singing Bones).

Criada e escrita por Nic Pizzolatto, a série da HBO acompanha a história de dois detetives, Rust Cohle (Matthew McConaughey, sensacional!) e Marty Hart (Woody Harrelson, não menos sensacional!) integrantes da divisão de homicídios do estado da Louisiana, no interior dos EUA, que precisam lidar com um crime que tem traços de ligação a alguma seita que mexe com magia negra. Durante a temporada, vamos acompanhar a história da relação deles como parceiros e a investigação desse assassinato, por um possível serial killer, entre várias linhas temporais entre os anos de 1995, 2002 e 2012.

A relação entre os protagonistas é uma balança entre um homem esperançoso, que tenta criar sua família em meio ao caos que é sua vida (Hart) e um homem sem esperança, que acredita que a vida é nada mais do que um erro e que tudo o que fazemos aqui é um grande nada (Cohle). Em qualquer outra série, você seria guiado a escolher por quem teria mais empatia. As ações, não só deles, mas de todos os personagens da série, causam reações e opiniões distintas em cada espectador. Mas o mais incrível é que você vai criar o mesmo nível de empatia por ambos.

A investigação iniciada pelos detetives Maynard Gilbough (Michael Potts) e Thomas Papania (Tory Kittles) acaba se tornando o fio condutor da trama que "desenterra" os problemas e conflitos da relação da dupla principal. E com uma sacada de idas e vindas na linha do tempo, transforma a série em algo imperdível e é mais que um diferencial: é essencial para uma compreensão da tão complexa e longa investigação na qual Cohle e Hart se envolvem. E também necessária para entender a complexidade dos personagens. Com exceção da esposa de Hart, Maggie Hart (Michelle Monaghan, surpreendente!), o foco é na dupla e as idas e vindas da conturbada relação deles.

A história de Pizzolatto, que conta com a excelente direção de Cary Joji Fukunaga em todos os episódios dessa temporada, é contada de maneira hora visceral, hora filosofica e hora frenética e coloca o espectador frente a uma realidade que por mais ficcional que possa parecer, teve inspiração direta na rotina de verdadeiros políciais do estado da Louisiana. É bem tangível o clima que a série passa durante todos os seus episódios. E mais tangível ainda é o choque que a realidade de pessoas tão diferentes, mas unidas em um pró de um bem maior, pode mudar seu modo de ver a vida.

True Detective é uma série que tem a cara da HBO. Então não espere passadas de mão na cabeça ou explicações simples. Os temas são fortes e complexos e pode vir a incomodar alguns espectadores. Deixando de lado alguns dogmas e embarcando de cabeça na viagem, a série se mostra não só uma excelente forma de entrenimento, mas também uma reflexão sobre o que somos e o qual o sentido de tudo o que queremos, fazemos e desejamos.

Veja sem medo de ser feliz!

A segunda temporada já estreou e pretendo falar sobre ela em breve por aqui.

TRAILER


FICHA TÉCNICA
True Detective - 2014 - 52 min. (episódio) - EUA - Drama/Ação/Polícia/Fantasia
Direção: Cary Joji Fukunaga
Roteiro: Nic Pizzolatto
Elenco: Matthew McConaughey, Woody Harrelson, Michelle Monaghan, Michael Potts, Tory Kittles, Kevin Dunn, Alexandra Daddario
Site Oficial: http://www.hbo.com/true-detective
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