Em 1997, assisti um filme chamado Wall Street - Poder e Cobiça que acompanha Gordon Gekko, bilionário especulador de Wall Street, que não mede esforços para conseguir o que quer, ou seja, sempre mais dinheiro.
Com frases clássicas como "Ganância é boa" e "A ganância é benéfica.", o personagem fez história e é até hoje referência para estudantes de economia e deu o Oscar de melhor ator para Michael Douglas. Vê em Buddy Fox (Charlie Sheen), jovem corretor em iniciação no mundo financeiro, um potêncial aprendiz, Ensina a ele todos os segredos de como obter sucesso, mas após a descoberta de Bud dos verdadeiros intuitos de Gekko e uma disputa amorosa, travam uma batalha onde toda a ética é deixada de lado.
É um filme empolgante, até para um garoto que não entendia (e ainda não entende muito...rsrs) nada dos termos do mundo das finanças. Totalmente amarrado no atual cenário da economia na época, o diretor Oliver Stone apresenta de forma muito completa a tradução do que é a concrete jungle em Wall Street, e seus bastidores.
Pulamos para 2010, onde depois de alguns anos de cogitações, sai do papel a continuação direta do filme, agora com o subtítulo O Dinheiro Nunca Dorme. No filme, acompanhamos logo na cena inicial, a saída de Gekko da cadeia (se não viu o primeiro, veja e entenda a importância da cena) e a decepção por não ter ninguém lhe esperando. Começa a partir daí a planejar a forma como ele voltará ao topo. Do outro lado, temos agora Jake Moore (Shia LaBeouf), outro jovem promissor em Wall Street, que tem como combustível para o sucesso o engajamento ambientalista. Especialista no investimento em novas formas de fonte de energia renováveis, tem como aposta a uma pesquisa desenvolvida na Califórnia que utiliza a força do mar para criar energia.
LaBeouf, Brolin e Douglas em cena do filme. |
Focando esse lado mais afetivo e pessoal dos personagens, ao contrário do filme de 87, O Dinheiro Nunca Dorme mostra claramente algumas facetas que o grande público não conhece do que rola por detrás das cortinas dos grandes bancos. O filme se passa durante o ano de 2008, ano em que a crise de 2007, que afeta o mundo até hoje, estava deixando em total desespero banqueiros e investidores. A passagem histórica que é retratada no filme, e que resultou na injeção de 700 milhões de dólares pelo governo americano, tamanho o medo de se repetir o caos de 1929, é o pano de fundo do drama.
E nesse ciclo onde vingança, dinheiro e ganância são as palavras-chaves, Wall Street vai mantendo o seu bom nível, até o drama exagerado na relação de Jake,Winnie e Gordon. O maior ponto do primeiro filme foi a distância que o espectador tinha dos personagens. De suas emoções para ser mais acertívo. O último ato resulta em uma certa correria para a resolução de coisas que não deveriam ser corrigidas. Afinal de contas, um dos personagens mais controversos da história do cinema, mesmo sendo "bunitinho" e tal, não deveria nunca se render aos encantos hollywoodianos de uma happy ending. Não estou dizendo que o filme é ruim, ao contrário. É um bom filme, mas parece que Oliver Stone não quis polemizar tanto. Senti um certo "freio" conforme vamos chegando ao final da película.
Mas no geral, apesar da aula de economia e história, como toda continuação, sempre fica abaixo do esperado. Michael Douglas não vai ganhar outro Oscar. Shia LaBeouf continua se mantendo o "menino de ouro" dessa nova geração de atores e Oliver Stone, cada mais contido, mostra que no final das contas, talvez, a ganância não seja tão boa assim.
Ficha Técnica
Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street: Money Never Sleeps - EUA, 2010) - 127 min. - Drama
Direção: Oliver Stone
Roteiro: Allan Loeb, Stephen Schiff
Elenco: Michael Douglas, Shia LaBeouf, Josh Brolin, Carey Mulligan, Susan Sarandon, Frank Langella
Site Oficial: http://www.wallstreetfilme.com.br/