19 de fevereiro de 2011

127 Horas

História surpreendente em filme impressionante!

Os limites do corpo humano com certeza ainda nos são desconhecidos. Dentre várias histórias de sobrevivência, o cinema sempre tenta retratar da forma mais fiel possível aqueles momentos dramáticos. No novo filme de Danny Boyle (Quem Quer Ser Um Milionário?), temos mais uma dessas histórias sendo contada. Só que dessa vez, tem algo diferente.

Em 127 Horas, acompanhamos Aaron Ralson (James Franco, sensacional!), que em maio de 2003, durante uma caminhada no cânio Bluejohn, no estado de Utah, EUA, ficou preso pelo braço direito a uma rocha, depois de cair em uma rachadura no solo. Com poucos suprimentos, água, equipamentos, Ralson começa a travar uma luta contra o tempo e contra ele mesmo, já que os efeitos da falta de alimento e água começam a lhe causar alguns males.

O começo do filme, e Boyle joga muito bem com isso, com a tela dividida em várias partes, entrega um clima de videoclipe, que reflete uma parte da persona de Ralson e copila bem a importância do imediatismo do mundo moderno. Muitas cores, correria, agitação, alegria, é perfeito pra amenizar o que dali a 15 minutos de fita já estaria acabado. Sem avisar ninguém, Ralson corre para o que ele mesmo diz ser sua "segunda casa" pra passar um fim de semana de curtição. Esquece o canivete e o celular, mas não esquece sua câmera fotográfica e nem a filmadora. E em um acidente que aparentemente seria só mais um, acontece o divisor de águas não só do filme.

A partir daí, o jogo que Boyle faz, eleva a tensão e apreensividade a estratosfera. A atuação de Franco (Indicado ao Oscar de Melhor Ator, que soma-se as outras cinco indicações, incluindo Melhor Filme) é fantástica. Ele consegue transmitir todo o turbilhão de sentimentos que vão surgindo a cada nova dificuldade de uma forma muito clara e sem rodeios.

O filme poderia ser mais um daqueles que abusa do drama e do "passar a mão na cabeça" dos personagens. Mas em 127 Horas, que é baseado no relato do verdadeiro Aaron Ralson publicado no livro Between A Rock and A Hard Place, o crescimento da pessoa que aprende da pior forma que cada ação tem uma conseqüência, uma reação, é mostrada ora de forma poetica, ora de forma caótica, mas nunca apelando. O registro de Aaron diante da sua tragédia pessoal, funciona mais como uma forma de auto-flagelo do que auto-piedade. E assim, percebe em si que não pelo arrependimento e sim, por saber que a vida é muito mais do que apenas viver intensamente, que o filme ganha em qualidade. Mostrar que existe sempre algo maior por trás daquilo que achamos simplório, efêmero.

E a cada flashback, cada delírio, cada viagem feita por Ralson nos 05 dias em que esteve ali, preso e sozinho, vamos juntos com ele, pensando e refletindo sobre a vida, atos e palavras. Como é importante dar valor as coisas que pensamos e fazemos. Mas a maior lição é ver como uma pessoa pode perceber e admitir que não são as pessoas que afetam nosso futuro, e sim nos mesmos. Talvez seja isso o que é aquilo que chamamos de crescer. Afinal de contas, como o próprio cartaz traz estampado: cada segundo conta.

Trailer:


Ficha Técnica
127 Horas (127 Hours) - 94 min. - EUA/Reino Unido - Drama
Direção: Danny Boyle
Roteiro: Danny Boyle, Simon Beaufoy (baseado em livro de Aaron Ralson)
Elenco: James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Treat Williams, Kate Burton, Clémence Poésy
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