15 de junho de 2009

Resenha #002 | U2 - No Line On The Horizon (2009)

Como manter-se no primeiro emprego durante mais de 30 anos ?

Ao ouvir o novo CD do U2, fiquei com a sensação de que uma banda com mais de 30 anos de formação (Bono Vox – voz; The Edge – guitarra; Adam Clayton – baixo; e Larry Mullen Jr. – bateria), 22 Grammys, 15 álbuns (12 de estúdio, 3 coletâneas, 1 ao vivo) e TOP 5 em 10 de 11 listas da impressa especializada, ainda se diverte e tem prazer pelo que fazem.

Após um hiato de 5 anos (o último álbum foi How To Dismanted An Atomic Bomb, de 2004) o U2 lança No Line On The Horizon, carregando o título de maior banda do mundo na atualidade.

A expectativa, não só dos fãs, era imensa. Gravado no Marrocos, Irlanda, EUA e Inglaterra, o disco foi produzido pelos parceiros de longa data, Brian Eno e Daniel Lanois e lançado no dia 27 de fevereiro de 2009 na Irlanda, terra natal da banda, e dois dias depois no resto do mundo.

Para variar, recordes batidos (primeiro lugar nos seguintes países: Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Canada, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Hong Kong, Singapura, Filipinas, Brasil, Argentina, Colômbia, Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Hungria, Groenlândia, México, Noruega, Polônia, Portugal e Suíça) e mais uma super-turnê a caminho, a “360º” que terá seu primeiro show em Barcelona, na Espanha, no dia 30 de junho.

Vai viajar pra lá e quer ingresso? Esqueça, já estão todos esgotados desde maio.

Para aqueles que ouvem a banda pela primeira vez, confesso que não apreciarão da mesma forma que aqueles que já conhecem a banda há algum tempo. É um disco ousado, tem rock, tem experimental, tem pop, tem eletrônico, tem baladas, tem protestos. Mais do que tudo tem uma banda que não se limita as suas próprias criações e ousa. Para os que conhecem a banda, sabem do que estou falando.


O disco começa com uma música que é a “cara” da banda. Em No Line On The Horizon, a banda mostra ao que veio. E dos gritos apaixonados (“Conheço uma garota 
que é como o mar / Eu a vejo mudando todo dia pra mim que é como o mar / Eu a vejo mudando todo dia pra mim”), até a calmaria do refrão, entregam o tom do disco.

Já em Magnificent, Bono canta o amor, pela música, pela vida (“Eu nasci para cantar para você / Eu não tive uma escolha / Senão levantar você /E cantar qualquer canção que você quisesse”)

É um U2 que nunca se acomoda. Os que esperam as mesmices das bandas atuais, perceberá o porque ela é uma das maiores bandas de todos os tempos.

Perceba em Moment Of Surrender (“Ó Deus, não negue ela / Não é se eu acredito em amor / Mas se o amor acredita em mim”) as experimentações, a inquietação em não ser o mesmo. São 7 minutos de uma viagem que, cuidado, pode ser sem volta de tão boa. Continuamos em Unknown Caller a viagem (“Eu estava perdido entre a meia-noite e o amanhecer / Num lugar sem consequencia ou companhia”).

A mensagem politizada em I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight vem de maneira tão sutil (“Cada geração tem a sua chance de mudar o mundo / Piedade para as nações que não escutam os seus meninos e meninas”) que acreditamos ser mais uma declaração de amor. Não que deixei de ser. Essa é a graça de ouvir U2.

Get On Your Boots, primeiro single, é a tradução da experimentação. É mais direto com relação à questão política (“Não quero falar sobre guerras entre nações”). Uma música estranha, diferente. Não que seja ruim, mas incomoda o arranjo “sujo”. Ficará perfeita ao vivo.

Stand Up Comedy é uma grata surpresa (“Preciso enfrentar meu ego, mas meu ego não é realmente o inimigo”). Agradável, você começa a cantarolar sem saber nada de inglês. Usa o nome, mas não tem nenhuma relação com essa mais nova forma de fazer comédia.

Fez – Being Born volta ao experimental (“Seis horas na autoestrada / Queimando pneu, queimando cromo”). E pode se perceber a influência regional, já que com certeza ela foi gravada no Marrocos e leva no nome da cidade medieval do país.

White As Snow é linda. E nada mais (“Se apenas um coração pudesse ser tão branco como neve”). Viagem total.

Breathe é talvez o ponto alto do disco. Traz a força do rock da banda. Com uma pegada rock/blues, demonstra a facilidade da banda em contar histórias. Uma música que entrou pra minha lista de favoritas da banda (“Saia para a rua / Cante o que tem no coração pra fora) e mostra o poder de arranjo e entrosamento da banda.

Cedars Of Lebanon fecha o disco com a impressão de que ele não acabaria ali. E ao mesmo tempo é uma canção de despedida. Dualidade total, é uma outra bela história (“Escolha os seus inimigos com cuidado, porque eles irão definir você / Torne-os interessante, porque de certa forma eles vão mentir para você”), mas que não achei a escolha certa pra terminar o disco.

E com certeza a intenção era essa, já que várias músicas ficaram de fora e outro disco já está no forno.

Definitivamente é um disco do U2, que divide opiniões. Alguns vão amar, outros odiar. Mas com certeza, em uma época em que a maioria tem muito pouco a dizer, o U2 busca fazer a diferença. Os números estão ai para comprovar isso.

Afinal de contas, são mais de 30 anos fazendo discos e turnês de sucesso. A sua banda preferida está ai tanto tempo assim?



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