Vida inteligente na TV brasileira, sobrevive?
Citando com referência o slogan do programa Altas Horas de meu xará Serginho Groisman me fiz essa pergunta ao me dispor falar sobre uma das poucas gratas surpresas da TV brasileira em tempos: o CQC.
Citando com referência o slogan do programa Altas Horas de meu xará Serginho Groisman me fiz essa pergunta ao me dispor falar sobre uma das poucas gratas surpresas da TV brasileira em tempos: o CQC.
Alguns podem torcer o nariz, outros até concordar, mas esse é o programa que está buscando fixar na mente do público brasileiro o chamado “humor inteligente”. Mas concordando com a colocação de Marcelo Tas, hoster do programa em entrevista a Rolling Stone do mês de dezembro de 2008, não existe tal definição. Humor é humor.
Mas voltemos um pouco.
O CQC é uma produção da Eyeworks-Cuatro Cabezas que é, pasmem, da Argentina!!! O programa lá tem mais de 10 anos de exibição e é líder de audiência. Tem suas versões também na Espanha, Itália e Chile que contam com inúmeras premiações.
Não é segredo para ninguém (apesar de ficar nas entrelinhas) que a Band quis trazer o programa como uma forma de rivalizar com o sucesso do Pânico Na TV, programa da RedeTV, que vamos combinar já perdeu a graça faz tempo.
Como todo importado, buscou-se pela “nacionalização” do produto. E deu certo.
Contando com o já aqui citado Marcelo Tas, que para o mais velhos é conhecido como repórter Ernesto Varela e para o mais novos, como o Telekid, personagem do seriado Castelo Rá-Tim-Bum, ou o Professor Tibúrcio, do Rá-Tim-Bum, ambos da TV Cultura, o programa desponta como a nova cara do humor brasileiro.
Utilizando um roteiro agiu e a habilidade de Rafinha Bastos, stand-comedy de grande sucesso no YouTube, e Marco Luque, como “auxiliares” de Tas, o CQC surpreendeu com a proposta de um humor mais “inteligente” que seus concorrentes e o fator político muito presente nas pautas do programa.
Completam a trupe os “repórteres” Rafael Cortez, Danilo Gentili, Felipe Andreoli e Oscar Filho. Além de Rafinha Bastos que sai as ruas com o já bem-sucedido quadro “Proteste Já!”.
Talvez ai está o diferencial do CQC.
Sim, temos o humor ácido e cara-de-pau bem comum aos programas do tipo. Sim, temos a tiração de sarro e a “cobertura” dos eventos mais badalados da fútil alta-sociedade (qualidade não só dá brasileira ainda bem).
Mas temos na questão política a grande força do programa, que começa a causar repercursão tamanho o sucesso do programa.
Além do “Proteste Já!” temos “CQC no Congresso” onde Danilo Gentili busca testar o conhecimento de nossos parlamentares. O “Fala na Cara” onde a cada semana um político é confrontado por uma pessoa que passa na rua.
O barulho causado por esses quadros é tamanho, que no Congresso Nacional foi feita uma petição para a proibição da entrada de Danilo ou qualquer um que represente o programa.
A repercussão também começa a afetar o programa de forma negativa. De uma idéia diária, por conta dos “custos operacionais” a atração virou semanal. Por conta da indicação etária, começa somente após as 22:00 horas. Além da várias ameaças, ou não, de processos contra o programa, ou seus integrantes.
Erros acontecem isso é fato. De exemplo temos o processo movido pelo grupo de atrizes pornô, o Sexy Dolls, num equivoco de Marcelo Tas ao se referir as atrizes como “prostitutas”. Causou a transição do programa de ao vivo para gravado.
Polêmicas a parte, é bem comum na TV brasileira a confusão nas definições dos programas nela exibidos. O CQC procura dar um enfoque jornalístico ao programa. As piadas e situações, no meu ver, são colocadas para que o contexto seja de fácil assimilação pelo grande público (mesmo já tendo ouvido reclamações de pessoas que não assistem pela grande quantidade de informações, por não conhecê-las).
A “censura” infelizmente está batendo a porta por conta dos últimos acontecimentos. Espero sinceramente que isso não acarreta na perca de qualidade do programa que tem como seu principal trunfo a espontaneidade.
O fato é que o programa, gravado ou não, é um sucesso. Ganhou em 2008 o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o prêmio da Revista Contigo e o mais importante, o Troféu Imprensa de melhor Humorístico.
O sucesso no YouTube, grande canal da nossa geração, é tremendo. São milhares e milhares de acessos tanto para ver as reprises e spotlights do programa. Além de transformar os seus repórteres em verdadeiras celebridades. No Orkut as comunidades “bombam” e no mais recente canal da rede, o Twitter, tem inúmeros seguidores.
Sei que a correria é grande para nós que chegamos da faculdade cansados. Mas prestigie, tira a sua tia chata da frente da TV e veja algo que presta na TV brasileira.
Aproveita porque isso é raro, muito raro. Enquanto eles ainda sobrevivem.
Ficha Técnica
Nome: CQC – Custe O Que Custar
Exibido por: Rede Bandeirantes
Horários: Segundas-feiras a partir das 22:15
Muito inteligente seu texto Sérgio. Parabéns pela elaboração. Como sugestão somente deixo a preocupação com a ortografia, pois são vários os erros "bobos" no corpo do texto.
ResponderExcluirMas de qquer forma, vale o tempo de leitura.
Abraço!
JGaspar!