28 de junho de 2009

Resenha | Hollywoodland - Bastidores da Fama

O Super-Homem morreu!!!!!
É algo estranho de se ler em um jornal, certo? Mas foi exatamente isso que foi lido pelos americanos no dia 16 de junho de 1959.

George Reeves (Ben Affleck, em sua melhor atuação) foi o ator que deu vida ao Superman em uma série de TV que estreiou no ano de 1951. Durante 6 anos, Reeves foi o Homem de Aço na TV. Na vida real, os poderes lhe seriam muito úteis.

O filme acompanha a investigação da morte do ator pelo detetive particular Louis Simo (Adrien Brody), contrato pela mãe do ator, Helen Bessolo (Lois Smith), por não acreditar no suícidio do filho.

Ao assistir ao filme, me veio a lembrança da música do Engenheiros do Hawaii que diz "...o Pop não poupa ninguém". A sensação de que a fama em Hollywood com certeza é uma faca de dois gumes.

De forma muito inteligente, o filme aponta os possíveis fatores que "causaram" a morte de Reeves. E a questão que fica mesmo ao final do filme é: afinal de contas, foi suícidio?

O ponto alto do filme, é o paralelo que rola entre os personagens de Brody e de Affleck. É muito interessante acompanhar a história desses dois homens que estão em crise em suas vidas, e que buscam desesperadamente um motivo para seguir em frente. E é um sentimento angustiante acompanhar a intricada investigação que é levada por Simo de forma quase que obscessiva.

São muitas as peças do grande quebra-cabeça que envolvem a morte do ator. E nesse quebra-cabeça é deixado ao espectador a decisão do que realmente aconteceu.Afinal de contas o show não pode parar em Hollywood.

É um daqueles filmes que exige bastante atenção. Mas um ótimo filme que mostra que existe muitos mistérios que cercam os corredores da terra do cinema. Uma terra tão cruel que nem o Super-Homem resistiu.

Avaliação do Alter Ego:


Trailer:

 
Ficha Técnica:
Hollywoodland - Bastidores da Fama (Hollywoodland - EUA, 2006) - 126 min - Policial / Drama
Direção: Allen Coulter
Roteiro: Paul Bernbaum
Elenco: Adrien Brody, Diane Lane, Ben Affleck, Bob Hoskins, Lois Smith, Robin Tunney, Larry Cedar, Jeffrey DeMunn, Brad William Henke, Dash Mihok , Molly Parker



20 de junho de 2009

Citações - Sérgio Miranda



"Se tá ruim só piora, mas um dia, melhora", de Sérgio Miranda (eu)... :D

19 de junho de 2009

Palavras mortas na praia

Buscando respostas, a loucura já chegou
Os cavalos estão a postos, é dada a largada então.
Mas não é porque todos estamos na merda
Que os porcos reinaram sobre a Terra

A esperança ainda respira, briga
No seu sorriso que o meu dia ilumina
Palavras que não saem, morrem na praia

Já que é isso o que acha, não terás mais nada

Acabou no começo o mais belo dos desfechos
E quem sabe algum dia, voltamos ao fim do nosso ingresso.
E você que me trata como idiota
Não terá nem uma palavra dessa história

Dedicada a esses 10 minutos de pausa
Em que enrola nesse louco déjà vú
Em que se perde e não tem jeito

Porque você não admite
Que essa palhaçada é tão engraçada
Quanto todas aquelas outras sem graça
E que fazem você chorar de dar risada

E você louca que é
Admite tudo o que afirmou, negando o próprio sonho
E você louca que é
Insiste em fingir ser quem não é, não vale a pena

* escrito em 04-06-09

18 de junho de 2009

A tranquilidade e o nada

Pensei em escrever hoje sobre as fotografias, sobre música, sobre TV, sobre sexo. Mas estava pensando sobre o nada.
Adoro o slogan da série Seinfeld: uma série sobre o nada.
Como falar sobre o nada? Me perguntam constantemente, quando estou quieto, o que eu tenho.
Vejo ai o quanto o nada representa muito.
Todo dia parece que temos a obrigação de sermos aquilo que cativa as pessoas. É triste quando decepcionamos os outros e mostramos que talvez, o meu nada quer encerrar a conversa. Porque hoje não é o meu dia. Ou porque eu tô tranquilo e realmente não tenho nada. A complexidade do assunto abrange desde um simples "tá tudo bem" até um "vai encher outro". E depende muito do seu estado de humor quando a pergunta lhe é feita.
Hoje o meu nada era sobre o nada. Igual ao slogan. Talvez seja a calmaria do momento.
Adoro viajar nos meus pensamentos. Acessar o que tá rolando entre o Tico e o Teco.
Ser o amendoin!!!!!!!!!
Falar sobre o nada é simples, mas muito complicado. Uma contradição tão gostosa.
- O que você tem?
- Nada...
- Ok.
A reticências após o nada querem dizer tudo aquilo que esperamos que o outro perceba. Infelizmente, nem todos temos essa sensibilidade. E ai a pergunta soa como uma "obrigação" e falsa preocupação. Tenho medo que quando sou eu fazendo a pergunta, que soe dessa forma. Moderei as minhas preocupações. :
Sabe quando a gente tá no elevador e falamos do tempo? É a mesma coisa.
O meu nada hoje foi da tranquilidade. E me dá medo essa sensação.
Talvez por sempre esperar pelo pior. Talvez por esperar pelo melhor. Na verdade por não saber o que esperar.
É até uma "tortura" interessante. Chato é quando sabemos o que vai acontecer amanhã. Pior ainda é quando nos iludimos acreditando que sabemos o que vai acontecer amanhã.
Agradeço a Deus por ser tão curioso e buscar sempre algo a mais.
Mas a esperança tá por ai ainda.
Reencontro ela toda vez, quando vou dormi (daqui a pouco) olho para o meu filhote dormindo.
Quando ouço aquela música, quando ouço uma boa história, uma boa piada. Pode até ser sobre o nada. Uma conversa no boteco, o futebol rolando e a cerveja gelada.
E o sentimento de querer salvar o mundo de nós mesmos. E as conversas que não queremos ouvir porque é tudo muito chato.
O futuro dando tchau e indo embora. Nada mais importa?
Amanhã vou tentar perceber o que meu nada vai querer dizer. Nunca é tão ruim quanto parece.
O meu nada tá mandando eu ir dormir agora.

17 de junho de 2009

Resenha #004 | Californication (idem, 2007)

Como o Fox Mulder virou um tranqueira?



Eu ia esperar para assistir a segunda temporada mas não resisti: Californication se tornou com toda certeza Top 10 na minha lista de séries favoritas.

Confesso que o interesse pelo seriado veio por conta de seu nome. Para quem não conhece, o programa leva o mesmo nome do sétimo álbum da banda Red Hot Chili Peppers (que me desculpem a expressão, é do CARALHO!!!).

Depois, a presença do ator David Duchovny, o eterno Fox Mulder que acompanhei em alguns dos nove anos de Arquivo-X (The X-Files, 1993). As primeiras matérias que li sobre Califonication mostravam uma proposta que reúne vários elementos bacanas. E ver Mulder sem terno e gravata ia ser interessante.

A série conta a história de Hank Moody (David Duchovny), escritor que está em crise de abstinência literária que após seu one hit wonder, busca inspiração para o seu novo romance. Em meio a mudança de ares, por conta da adaptação de seu livro em filme (já vimos isso em algum lugar?), Hank tenta criar sua filha adolescente Rebecca (Madeleine Martin) e a reconciliação com sua ex-namorada, Karen (Natascha McElhone).

Hank busca evitar a sua "californização" durante todo o desenrolar da história. Culpa a cidade nova por todas as "tragédias" de sua vida atual. Em tempo, a mudança foi de Nova Iorque para Los Angeles.

Com a ajuda de seu agente e amigo, Charlie Runkle (Evan Handler), Hank tenta a reconciliação com o talento natural que é escrever.Mas ele tem um pequeno vício, o sexo. Mesmo amando Karen, ele não resiste as mulheres que cruzam seu caminho e sempre acaba na cama com elas.
É ai que a coisa complica.

Ao encontrar Mia (Madeline Zima) em uma livraria e descobrir que ela é uma fã, o inevitável acontece. Mas para a surpresa de Hank, Mia é filha de Bill (Damian Young), noivo de Karen e tem apenas 16 anos!!!!!!!!!!!! Tal acontecimento leva-o a questionar se realmente vale a pena ter todas as mulheres e perde a única que ele realmente ama.

Com essa introdução, a série desenrola acontecimentos dos mais bizarros e engraçados, sempre de maneira muito inteligente e ágil.Mesmo com todo o mal caratismo de Hank, sempre nos pegamos torcendo por ele. Ele ama Karen, mesmo andando pela tortuosa estrada regada a álcool, drogas, sexo e rock n' roll.

A demostração de como somos pegos por nossas próprias contradições e a sinceridade em reconhecer os erros e lutar para consertá-los, mesmo sendo às vezes em vão, é um dos pontos altos do seriado. Fica sempre a sensação de que Hank só quer ser feliz. Mas ao invés de ficar chorando e se lamentando por sua paixão pertencer a outro, ele vai bagunçar.

E nesse vai e vem muito louco, a série consegue te prender como poucas.

O humor da série é ácido. Não espere palavras bonitas. Se você é daqueles que preferem as novelas da Globo, passe longe.

Agora se você gosta de histórias bem contadas, bons dialógos, bom humor, uma pitada de drama e excelentes atuações, Californication vai te conquistar.

Ficha Técnica:
Nome: Califonication
Elenco: David Duchovny (Hank Moody), Natascha McElhone (Karen van der Beek), Evan Handler (Charlie Runkle), Madeleine Martin (Rebecca Moody), Madeline Zima (Mia Lewis), Pamela Adlon (Marcy Runkle), Rachel Miner (Dani California), Damian Young (Bill Lewis)
Exibido no Brasil por: Warner Channel
Temporadas: 03 (até o momento em que essa resenha foi escrita)
Site Oficial: http://www.sho.com/site/californication/home.do



16 de junho de 2009

Desventuras #003 | Tempo

Mano velho?


Já que não dormi ainda acho que conta como segunda ainda né?

Hoje andei pensando em como somos reféns do tempo. Sim, esse "amiguinho" que diz pra gente quando acordar, quando comer, quando entrar, quando sair...

Nossa vida é temporal. Nossas roupas, nossos filmes, nossas músicas. E a loucura ainda persiste. Afinal de contas o tempo não pára. Digo isso pois acordei atrasado hoje. Detesto.

Porque o "chegar atrasado" diz muita coisa, negativa. Ninguém quer saber o que acontece. Afinal de contas o tempo não pára. Se tivesse chegado a tempo, seria positivo. Há tempos que venho brigando com isso. E é assim faz tempo.

Para chegar no horário é preciso dormir cedo. Quem disse que consigo? O nosso tempo de sono é muito importante e o nosso corpo necessita disso. Temos um relógio interno!!!

Mas parece que o meu relógio é todo desregulado. Sou um vampiro disfarçado.
Acabar você vem me dizer que somos normais...

O Pink Floyd cantou sobre o tempo (Time, de 1973). O Pato Fu cantou (Sobre o Tempo, 1995). O Cazuza já citado, também cantou sobre o tempo (O Tempo Não Pára, 1989).

Tempo mano velho, preciso de um break.

Tinha muito mais coisa para dizer sobre o tempo, mas não tenho mais tempo.Tenho que ir dormir. E as idéias vão ficar assim, incompletas. O tempo irá completá-las.

Só queria expressar a minha vontade de desapegar do tempo.

Mas não temos tempo para perder falando das insanidades de um gordinho com sono.

Não percamos tempo e vamos que daqui a pouco já foi.



15 de junho de 2009

Resenha #003 | CQC (Custe O Que Custar) (2008)

Vida inteligente na TV brasileira, sobrevive?

Citando com referência o slogan do programa Altas Horas de meu xará Serginho Groisman me fiz essa pergunta ao me dispor falar sobre uma das poucas gratas surpresas da TV brasileira em tempos: o CQC.

Alguns podem torcer o nariz, outros até concordar, mas esse é o programa que está buscando fixar na mente do público brasileiro o chamado “humor inteligente”. Mas concordando com a colocação de Marcelo Tas, hoster do programa em entrevista a Rolling Stone do mês de dezembro de 2008, não existe tal definição. Humor é humor.


Mas voltemos um pouco.

O CQC é uma produção da Eyeworks-Cuatro Cabezas que é, pasmem, da Argentina!!! O programa lá tem mais de 10 anos de exibição e é líder de audiência. Tem suas versões também na Espanha, Itália e Chile que contam com inúmeras premiações.

Não é segredo para ninguém (apesar de fica
r nas entrelinhas) que a Band quis trazer o programa como uma forma de rivalizar com o sucesso do Pânico Na TV, programa da RedeTV, que vamos combinar já perdeu a graça faz tempo.

Como todo importado, buscou-se pela “nacionalização” do produto. E deu certo.
Contando com o já aqui citado Marcelo Tas, que para o mais velhos é conhecido como repórter Ernesto Varela e para o mais novos, como o Telekid, personagem do seriado Castelo Rá-Tim-Bum, ou o Professor Tibúrcio, do Rá-Tim-Bum, ambos da TV Cultura, o programa desponta como a nova cara do humor brasileiro.


Utilizando um roteiro agiu e a habilidade de Rafinha Bastos, stand-comedy de grande sucesso no YouTube, e Marco Luque, como “auxiliares” de Tas, o CQC surpreendeu com a proposta de um humor mais “inteligente” que seus concorrentes e o fator político muito presente nas pautas do programa.

Completam a trupe os “repórteres” Rafael Cortez, Danilo Gentili, Felipe Andreoli e Oscar Filho. Além de Rafinha Bastos que sai as ruas com o já bem-sucedido quadro “Proteste Já!”.

Talvez ai está o diferencial do CQC



Sim, temos o humor ácido e cara-de-pau bem comum aos programas do tipo. Sim, temos a tiração de sarro e a “cobertura” dos eventos mais badalados da fútil alta-sociedade (qualidade não só dá brasileira ainda bem).

Mas temos na questão política a grande força do programa, que começa a causar repercursão tamanho o sucesso do programa.

Além do “Proteste Já!” temos “CQC no Congresso” onde Danilo Gentili busca testar o conhecimento de nossos parlamentares. O “Fala na Cara” onde a cada semana um político é confrontado por uma pessoa que passa na rua.

O barulho causado por esses quadros é tamanho, que no Congresso Nacional foi feita uma petição para a proibição da entrada de Danilo ou qualquer um que represente o programa.

A repercussão também começa a afetar o programa de forma negativa. De uma idéia diária, por conta dos “custos operacionais” a atração virou semanal. Por conta da indicação etária, começa somente após as 22:00 horas. Além da várias ameaças, ou não, de processos contra o programa, ou seus integrantes.

Erros acontecem isso é fato. De exemplo temos o processo movido pelo grupo de atrizes pornô, o Sexy Dolls, num equivoco de Marcelo Tas ao se referir as atrizes como “prostitutas”. Causou a transição do programa de ao vivo para gravado.

Polêmicas a parte, é bem comum na TV brasileira a confusão nas definições dos programas nela exibidos. O CQC procura dar um enfoque jornalístico ao programa. As piadas e situações, no meu ver, são colocadas para que o contexto seja de fácil assimilação pelo grande público (mesmo já tendo ouvido reclamações de pessoas que não assistem pela grande quantidade de informações, por não conhecê-las).

A “censura” infelizmente está batendo a porta por conta dos últimos acontecimentos. Espero sinceramente que isso não acarreta na perca de qualidade do programa que tem como seu principal trunfo a espontaneidade.

O fato é que o programa, gravado ou não, é um sucesso. Ganhou em 2008 o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o prêmio da Revista Contigo e o mais importante, o Troféu Imprensa de melhor Humorístico.

O sucesso no YouTube, grande canal da nossa geração, é tremendo. São milhares e milhares de acessos tanto para ver as reprises e spotlights do programa. Além de transformar os seus repórteres em verdadeiras celebridades. No Orkut as comunidades “bombam” e no mais recente canal da rede, o Twitter, tem inúmeros seguidores.

Sei que a correria é grande para nós que chegamos da faculdade cansados. Mas prestigie, tira a sua tia chata da frente da TV e veja algo que presta na TV brasileira.
Aproveita porque isso é raro, muito raro. Enquanto eles ainda sobrevivem.

Ficha Técnica
Nome: CQC – Custe O Que Custar
Exibido por: Rede Bandeirantes
Horários: Segundas-feiras a partir das 22:15

Resenha #002 | U2 - No Line On The Horizon (2009)

Como manter-se no primeiro emprego durante mais de 30 anos ?

Ao ouvir o novo CD do U2, fiquei com a sensação de que uma banda com mais de 30 anos de formação (Bono Vox – voz; The Edge – guitarra; Adam Clayton – baixo; e Larry Mullen Jr. – bateria), 22 Grammys, 15 álbuns (12 de estúdio, 3 coletâneas, 1 ao vivo) e TOP 5 em 10 de 11 listas da impressa especializada, ainda se diverte e tem prazer pelo que fazem.

Após um hiato de 5 anos (o último álbum foi How To Dismanted An Atomic Bomb, de 2004) o U2 lança No Line On The Horizon, carregando o título de maior banda do mundo na atualidade.

A expectativa, não só dos fãs, era imensa. Gravado no Marrocos, Irlanda, EUA e Inglaterra, o disco foi produzido pelos parceiros de longa data, Brian Eno e Daniel Lanois e lançado no dia 27 de fevereiro de 2009 na Irlanda, terra natal da banda, e dois dias depois no resto do mundo.

Para variar, recordes batidos (primeiro lugar nos seguintes países: Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, Canada, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Hong Kong, Singapura, Filipinas, Brasil, Argentina, Colômbia, Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Hungria, Groenlândia, México, Noruega, Polônia, Portugal e Suíça) e mais uma super-turnê a caminho, a “360º” que terá seu primeiro show em Barcelona, na Espanha, no dia 30 de junho.

Vai viajar pra lá e quer ingresso? Esqueça, já estão todos esgotados desde maio.

Para aqueles que ouvem a banda pela primeira vez, confesso que não apreciarão da mesma forma que aqueles que já conhecem a banda há algum tempo. É um disco ousado, tem rock, tem experimental, tem pop, tem eletrônico, tem baladas, tem protestos. Mais do que tudo tem uma banda que não se limita as suas próprias criações e ousa. Para os que conhecem a banda, sabem do que estou falando.


O disco começa com uma música que é a “cara” da banda. Em No Line On The Horizon, a banda mostra ao que veio. E dos gritos apaixonados (“Conheço uma garota 
que é como o mar / Eu a vejo mudando todo dia pra mim que é como o mar / Eu a vejo mudando todo dia pra mim”), até a calmaria do refrão, entregam o tom do disco.

Já em Magnificent, Bono canta o amor, pela música, pela vida (“Eu nasci para cantar para você / Eu não tive uma escolha / Senão levantar você /E cantar qualquer canção que você quisesse”)

É um U2 que nunca se acomoda. Os que esperam as mesmices das bandas atuais, perceberá o porque ela é uma das maiores bandas de todos os tempos.

Perceba em Moment Of Surrender (“Ó Deus, não negue ela / Não é se eu acredito em amor / Mas se o amor acredita em mim”) as experimentações, a inquietação em não ser o mesmo. São 7 minutos de uma viagem que, cuidado, pode ser sem volta de tão boa. Continuamos em Unknown Caller a viagem (“Eu estava perdido entre a meia-noite e o amanhecer / Num lugar sem consequencia ou companhia”).

A mensagem politizada em I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight vem de maneira tão sutil (“Cada geração tem a sua chance de mudar o mundo / Piedade para as nações que não escutam os seus meninos e meninas”) que acreditamos ser mais uma declaração de amor. Não que deixei de ser. Essa é a graça de ouvir U2.

Get On Your Boots, primeiro single, é a tradução da experimentação. É mais direto com relação à questão política (“Não quero falar sobre guerras entre nações”). Uma música estranha, diferente. Não que seja ruim, mas incomoda o arranjo “sujo”. Ficará perfeita ao vivo.

Stand Up Comedy é uma grata surpresa (“Preciso enfrentar meu ego, mas meu ego não é realmente o inimigo”). Agradável, você começa a cantarolar sem saber nada de inglês. Usa o nome, mas não tem nenhuma relação com essa mais nova forma de fazer comédia.

Fez – Being Born volta ao experimental (“Seis horas na autoestrada / Queimando pneu, queimando cromo”). E pode se perceber a influência regional, já que com certeza ela foi gravada no Marrocos e leva no nome da cidade medieval do país.

White As Snow é linda. E nada mais (“Se apenas um coração pudesse ser tão branco como neve”). Viagem total.

Breathe é talvez o ponto alto do disco. Traz a força do rock da banda. Com uma pegada rock/blues, demonstra a facilidade da banda em contar histórias. Uma música que entrou pra minha lista de favoritas da banda (“Saia para a rua / Cante o que tem no coração pra fora) e mostra o poder de arranjo e entrosamento da banda.

Cedars Of Lebanon fecha o disco com a impressão de que ele não acabaria ali. E ao mesmo tempo é uma canção de despedida. Dualidade total, é uma outra bela história (“Escolha os seus inimigos com cuidado, porque eles irão definir você / Torne-os interessante, porque de certa forma eles vão mentir para você”), mas que não achei a escolha certa pra terminar o disco.

E com certeza a intenção era essa, já que várias músicas ficaram de fora e outro disco já está no forno.

Definitivamente é um disco do U2, que divide opiniões. Alguns vão amar, outros odiar. Mas com certeza, em uma época em que a maioria tem muito pouco a dizer, o U2 busca fazer a diferença. Os números estão ai para comprovar isso.

Afinal de contas, são mais de 30 anos fazendo discos e turnês de sucesso. A sua banda preferida está ai tanto tempo assim?



14 de junho de 2009

Resenha #001 | O Lutador (The Wrestler, 2008)

A comprovação de que vida e arte se misturam.



Pegue um galã de Hollywood, faço-o passar por bons e maus bocados durante uma década, coloque-o em um filme despretensioso e terá uma das maiores injustiças que os velhotes do Oscars já cometeram em tempos.

Para os que apreciam boas histórias, contadas sem a falsa sensação de 80% dos filmes da terra da oportunidade, indico esse filme. Faça melhor, compre-o e coloque na sua estante.

Bom deixando de babar um pouco, esse é um daqueles que você termina de assistir e solta um palavrão...aposte nisso.

A história acompanha Randy “The Ram” Robinson (Mickey Rourke), lutador de luta-livre que 20 anos depois do seu auge nos ringues segue fazendo a única coisa que sabe: lutar. Mas os tempos são outros e os dias atuais não vêem com a mesma gloria as lutas que mais servem para divertir do que qualquer outra coisa.

Mesmo assim Randy continua em busca do seu sonho, ao som de “clássicos” do rock n’ roll dos anos 80 (a cena em que mete o pau nos anos 90 é demais!!!).

Do sucesso à decadência, Randy prova do respeito dos fãs e companheiros de trabalho. A nostalgia dos dias gloriosos bate a porta. Mas para sobreviver continua lutando. Até do dia em que um infarto lhe tira o que mais gosta de fazer.

Impedido de viver o seu sonho, Randy busca viver uma vida normal. Arranja um emprego, tenta a reconciliação com sua filha Stefanie (Evan Rachell Wood, surpreendendo) e procura o amor que nunca teve espaço em sua vida com a stripper Pam (Marisa Tomei, linda e excelente).

O filme muda de clima. A superação começa a apresentar formas. Temos o encontro de gerações, a reconciliação, a busca para consertar os erros do passado. Poderia ser mais filme clichê, mas a força da direção de Darren Aronofshy (Réquiem Para Um Sonho, outro filmão) eleva o nível, até das cenas mais banais como o caminhar de Randy de uma sala para outra.

Mas quando chegamos próximo do clímax, o filme nos coloca diante de uma das melhores construções de roteiro que já assisti. Da esperança, do “tudo vai melhorar”, somos jogados para nos questionarmos o seguinte: vale a pena deixar de ser quem somos? O que nos define ? Como consertar erros irreparáveis?

E como disse no início, terminaremos a exibição do filme ao som de Bruce Springsteen (The Wrestler, que não foi indicada ao Oscar porque está nos créditos do filme e não no contexto!!!) refletindo sobre os nossos erros, sobre os nossos atos.

Será que é sempre tarde demais para voltar atrás?

Ficha Técnica:
O Lutador (The Wrestler, EUA, 2008) - 115 min – Drama
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Robert D. Siegel
Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Todd Barry, Wass Stevens, Judah Friedlander, Ernest Miller

13 de junho de 2009

Desventuas #002 | Deixar ou não deixar a tomada protegida?

Todos sabem que quando crianças, o mundo não tem limites. A inocência é a força que nos move, a descoberta é recompensa, mais pura e plena.

Ultimamente, mais precisamente há dois meses, vivo com sentimentos que se misturam de tal forma que é quase impossível descrever com palavras. Acho que se juntar todas as alegrias que tive nesses 22 anos de vida, não resumem o primeiro segundo em que vi meu filhote vindo ao mundo.

Meu pai sempre me dizia, quando brigava comigo ao chegar em casa tarde: “Quando você tiver o seu, você entenderá...”. Entender o que? Hoje provo de um sentimento parecido. Uma mistura de medo constante e felicidade plena da mesma forma que hoje sei que meu pai sentiu durante todos os 18 anos que ele acompanhou da minha vida

O medo talvez seja pela nova experiência. Todos nós temos medo do desconhecido, do incontrolável. É natural do ser humano. Eu sempre gostei de viver coisas novas. Mas mesmo assim ele persiste. E é aquele lado que te deixa em dúvida, do que é certo, do que é errado.

Mas ai chego em casa depois de um dia estressante. E ai a felicidade plena toma conta.

Esqueço o cansaço, os problemas, o mundo realmente fica da porta pra fora.

Como já disse no começo é impossível descrever em palavras, mas sugiro que imaginem todas as coisas boas que viveram, ou até viverão e multipliquem por 1.000 sobre a raiz quadrada de 10.000...acho que dá para ter uma idéia do exagero. :D

Saber que tem alguém depende de você é algo muito grande. Não me acho suficientemente adulto com apenas 22 anos, ao contrário. Mas talvez o mix de sentimentos aja a favor e eu consiga representar meu papel de pai, assim como o meu foi para mim.

Ao lembrar da expressão do meu pai, quando presenciava algo de bom que havia feito, era o melhor prêmio que eu poderia ganhar. E sim, espero ser metade do que ele foi para mim e meus irmãos.

É estranho perceber o quanto isso deixa as pessoas com medo, ter um filho.

Concordo, o mundo que vivemos está longe de ser um paraíso. Mas não somos nós que fazemos o nosso inferno? Diante disso, buscarei o meu céu. E tenho um grande motivo para isso.

Concordo o quanto é cansativo perder noites de sono, gastar rios de dinheiro, perder os cabelos de preocupação...mas talvez isso não seja nada comparado às alegrias que virão.

Talvez o tempo gasto compense no final. E nem que não esteja aqui para presenciar, tenho a certeza de que a minha vida começou pra valer no dia 13/04/2009 pois foi quando o meu sonho se realizou.

Creio que o nosso combustível são os sonhos. E de sonho em sonho, vivo a benção divina da paternidade. Talvez cedo demais, talvez não fosse a hora certa. Mas qual é a hora certa para sermos felizes?

Prefiro o arrependimento das coisas que não fiz.

Só peço forças e tempo para poder estar do lado dele quando precisar. E que ele esteja comigo quando eu precisar.

Ainda em tempo: o nome dele é Matheus, ariano nascido em Osasco.


Desventuras #001 | Um Novo Começo...

Resolvi voltar a publicar um blog quando de repente, me vi cercado de dúvidas. Talvez sejam as mesmas que as suas.

Talvez seja apenas a prepotência batendo a minha porta. Talvez sejam as marés, a mudança no clima, o cabelo que cortei ontem.

Resolvi me deixar levar pela música, pelo cinema, pela TV bem-feita, pela leitura bem redigida...e pela loucura. A mesma loucura que nos assola todo dia, toda hora, na sua casa e na minha. Mas sobrevivemos a cada dia e a cada dia, mais uma batalha vencida.

Creio em Deus e ao mesmo tempo em vida fora da Terra. Tenho fé de que o mundo tem jeito.

A esperança é a última que morre. Morremos então com ela, pois acredito que existe vida inteligente na Terra. E faço isso para jogar no ar uma parte de mim, Espero que atinja você e quem sabe você atinja a mim.

Sou a favor da violência intelectual. E também das brincadeiras no fim de festa. A cerveja gelada tá na mesa.

Acomode-se. Participe. Seja. Leia. Questione.

Até a próxima.